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Ratos se multiplicam no inverno

Números do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológica (SINITOX) aponta a região de Campinas como responsável por mais de 10% das intoxicações por raticidas do Estado de São Paulo, com 155 casos.

Esse problema  tende a crescer com a chegada do inverno. É que, de acordo com o biólogo e especialista de pragas urbanas, André Luís Fernandes, as baixas temperaturas da estação estimulam pequenos roedores, principalmente os camundongos, a invadirem casas e empresas a procura de locais quentes e com boa oferta de alimentos para habitarem e se procriarem. “É o estopim para que a população comece utilizar raticidas, muitas vezes proibidos e extremamente nocivos à sua saúde, de forma inadequada”, afirma Fernandes.

ratos e o inverno

De acordo com o biólogo, ações preventivas são mais eficazes, seguras e baratas para se evitar ratos em casas ou empresas. Ele sugere algumas, como não deixar materiais que possam servir de abrigo, como tijolos, depositados em quintais; limpar os locais onde animais domésticos se alimentam, removendo restos de comida; recolher diariamente o lixo orgânico; manter ralos bem afixados; consertar trincas em calçadas e muros; instalar rodinhos em portas a fim de vedar completamente o vão inferior.

“Mas se a infestação já existe, o mais correto e seguro é contratar uma empresa especializada em controle de pragas com alvará expedido pela Vigilância Sanitária local. Realizar o autosserviço é extremamente arriscado, uma vez que venenos proibidos, altamente nocivos à saúde humana, como os chamados chumbinho, são facilmente encontrados no mercado”, diz o especialista.

De acordo com Fernandes, apesar desses produtos serem proibidos, eles agem mais rapidamente no organismo do animal, eliminado-o mais rápido que os autorizados pelo Ministério da Saúde. “Mesmo agindo em menos tempo, a maioria desses produtos não são eficazes no controle populacional dos roedores, pois esses animais têm instinto aguçado, o que faz que ratos da mesma colônia rejeitem o alimento contaminado que, após ser consumido, eliminou um de seus membros”, explica.

“É uma questão cultural. As pessoas não se atentam para as medidas preventivas e quando passam a ter problemas com roedores querem uma ação rápida”, comenta. Produtos como os monofluoracetato de sódio não têm antídoto e se ingerido por um humano pode matá-lo antes mesmo de se conseguir socorro médico.


Doenças e prejuízos

Os ratos são transmissores de várias doenças como a leptospirose, a peste bubônica, a hantavirose, entre outras, mas também causa danos a estruturas e a materiais industrializados, como fios e cabos. Estima-se que 25% dos incêndios classificados como de causas desconhecidas possam ser provocados por ratos ao roerem fios.

Outro dado importante para ilustrar prejuízos causados pelos ratos são suas infestações em armazéns de grão. Estudos realizados na Universidade Federal do Espírito Santo, apontam para um consumo diário de 25 gramas de alimentos por rato neste locais, causando um prejuízo anual médio de cinco dólares. Mas ao alimentar-se, o rato geralmente danifica um volume que varia 5 a 10 vezes ao consumido, o que estende o prejuízo anual para a faixa de 25 a 50 dólares por roedor.


Ficou com dúvidas? Assista o biólogo André Luís Fernandes falando sobre roedores

https://www.youtube.com/watch?v=0upHdTFaFog

André Luís Fernandes é biólogo com especialização em Entomologia Urbana e Saúde Pública, Responsável Técnico da empresa TECPRAG, membro da Sociedade Brasileira Sobre Vetores e Pragas Sinantrópicas (SBVP), da Sociedade Entomológica do Brasil (SEB), da National Pest Manegement Association (USA), entre outras instituições. Atuou como Congressista e Palestrante em diversos eventos da área e idealizou o programa GIP TECPRAG - Gerenciamento Integrado de Pragas.